Você sabia que existe uma ave esculpida no Pão de Açúcar? Descubra a lenda da íbis sagrada, o melhor horário para vê-la e sua importância ecológica.
A Importância Ecológica do Íbis no Rio de Janeiro

Conhecendo a Curicaca: O Íbis Brasileiro
A íbis mais comum no Rio de Janeiro é a curicaca (Theristicus caudatus), uma ave elegante da família Threskiornithidae, a mesma família do famoso íbis sagrado do antigo Egito. Com aproximadamente 70 centímetros de comprimento e até 145 cm de envergadura, a curicaca é facilmente reconhecível por seu bico longo e curvo característico dos íbis.
Seu nome é onomatopeico — vem do som de seu canto forte e estridente que pode ser ouvido ao amanhecer e ao entardecer, especialmente em noites de lua cheia. Para muitos cariocas antigos, o grito da curicaca era o verdadeiro “despertador natural” da cidade.
Onde Encontrar o Íbis no Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a curicaca pode ser avistada em:
- Lagoa Rodrigo de Freitas – Área úmida no coração da Zona Sul
- Parque Natural Municipal de Marapendi – Zona Oeste
- Baía de Guanabara – Áreas costeiras e manguezais
- Praias e lagoas da Barra da Tijuca – Regiões preservadas
- Áreas próximas ao Pão de Açúcar – Urca e arredores
Essas aves habitam áreas úmidas, manguezais, lagoas e brejos, vivendo solitárias, aos casais ou em pequenos grupos familiares.
O Papel Ecológico da Íbis: Guardiã dos Ecossistemas
A curicaca não é apenas bonita — ela é uma indicadora da saúde ambiental. Sua presença em um ecossistema sinaliza que aquele ambiente está equilibrado e saudável.
Por que a íbis é tão importante?
✅ Controle natural de pragas: Alimenta-se de insetos, pequenos crustáceos, moluscos, caramujos, minhocas e até pequenos vertebrados como rãs e lagartos, ajudando a controlar populações que poderiam se tornar pragas.
✅ Indicadora ambiental: sua presença indica disponibilidade de água limpa e alimento abundante, fatores que apontam para um ambiente preservado.
✅ Recuperação de habitats: nos últimos anos, biólogos observam o retorno gradual das curicacas a áreas que sofreram degradação ambiental. Isso simboliza a recuperação dos manguezais e lagoas do Rio — habitats que sofreram décadas de impacto humano.
✅ Benefício para agricultura: agricultores protegem a curicaca como controladora biológica natural, pois ela é predadora de pequenos animais considerados nocivos às lavouras.
A presença dessas aves é, portanto, um sinal de esperança para a biodiversidade carioca.
Status de Conservação
Felizmente, a curicaca não está ameaçada de extinção. Segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza), suas populações estão estáveis.
Isso se deve à sua grande capacidade de adaptação: a curicaca consegue habitar desde áreas silvestres preservadas até parques urbanos, campos de futebol e até mesmo postes dentro de cidades — demonstrando uma notável resiliência diante da urbanização.
O Mito da Íbis na Pedra do Pão de Açúcar
A Lenda da Íbis Dourada
Segundo uma antiga lenda contada por pescadores e moradores tradicionais da Urca, uma íbis dourada costumava pousar, ao entardecer, no topo do Pão de Açúcar. Diziam que sua plumagem refletia o último raio do sol, iluminando a Baía de Guanabara como um farol natural celestial.
Reza o mito que essa ave seria a guardiã do equilíbrio entre o mar e a montanha, protegendo a cidade das tempestades e dos desequilíbrios da natureza. Quando a íbis deixava de aparecer por muitos dias, os antigos acreditavam que uma grande mudança se aproximava — fosse uma ressaca violenta, uma seca prolongada ou um novo ciclo na vida da cidade.
Íbis e Pão de Açúcar: a Silhueta Sagrada na Rocha
Mas a lenda vai além da ave viva. Existe uma formação rochosa no próprio Pão de Açúcar que alimenta o imaginário carioca há gerações.
Na face norte do morro (voltada para o Aterro do Flamengo e Botafogo), há uma cavidade profunda — uma rachadura natural na rocha com mais de 1 bilhão de anos de idade. Quando o sol atinge determinado ângulo, especialmente por volta das 11h da manhã, essa cavidade projeta uma sombra que forma a perfeita silhueta de um íbis com asas abertas.
Essa formação é conhecida como o “Íbis do Pão de Açúcar” ou “Fênix do Pão de Açúcar”, e é tão marcante que serve de referência para escaladores — uma das vias de escalada mais famosas do morro leva até o Platô da Íbis, uma plataforma natural no meio da formação rochosa.
Conexão com a Mitologia Egípcia
A lenda ganha camadas ainda mais profundas quando conectada à mitologia egípcia. O íbis era considerado ave sagrada no Antigo Egito, símbolo do deus Thoth (deus da sabedoria, escrita e magia) e frequentemente mumificado junto aos faraós.
Algumas versões da lenda carioca sugerem que:
A silhueta não seria apenas uma íbis, mas o próprio deus Thoth alimentando a ave sagrada. A figura vista de outro ângulo seria um sacerdote egípcio abraçando a pedra. A íbis do Pão de Açúcar seria parte da lenda do Gigante Adormecido — formação rochosa composta por vários morros do Rio que, vistos do mar, lembram um gigante deitado
Na mitologia egípcia, a humanidade é representada como um gigante deitado com uma íbis acorrentado aos pés. Coincidência? O Pão de Açúcar seria justamente o “pé” do Gigante Adormecido do Rio!
Lenda Indígena: A Batalha Celestial
Outra versão da lenda tem origem indígena. Segundo relatos transmitidos oralmente aos primeiros colonizadores portugueses:
Dois pássaros celestes, vindos das estrelas, travaram feroz batalha na terra. Durante o combate, uma das aves foi destruída, e com ela morreram dois irmãos guerreiros que nela estavam montados.
Tempos depois, membros da mesma raça dos guerreiros caídos vieram à terra e esculpiram o pássaro na montanha como homenagem eterna aos que tombaram em batalha.
A Íbis e o Formato da Montanha
Há ainda quem observe que o próprio formato do Pão de Açúcar, visto de certos ângulos, lembra uma íbis repousando com o bico voltado para o horizonte. E assim, a lenda se entrelaça perfeitamente com a geografia e com o coração simbólico do Rio de Janeiro.
A Conexão Entre Natureza, Mito e Turismo
Por Que Essa História Importa?
A lenda da íbis do Pão de Açúcar representa perfeitamente a alma do Rio de Janeiro: uma cidade onde natureza, história e imaginação se misturam de forma única.
Quando visitamos o Bondinho Pão de Açúcar, não estamos apenas subindo um morro — estamos entrando em um espaço sagrado onde:
✨ A geologia encontra a mitologia ✨ A ciência se mistura com o folclore ✨ O passado conversa com o presente ✨ A natureza inspira histórias que atravessam gerações
Experiência Completa no Pão de Açúcar
Ao visitar o Parque Bondinho Pão de Açúcar, você pode:
🔭 Observar aves: Leve binóculos e tente avistar curicacas e outras aves nas áreas verdes 🏔️ Buscar a silhueta: Olhe para a face norte do morro em busca da famosa íbis de pedra 📚 Conhecer a história: Os guias do parque conhecem essas lendas e adoram compartilhá-las 📸 Fotografar: Capture diferentes ângulos do morro tentando encontrar a forma da ave
Íbis e Pão de Açúcar: onde Natureza e Mito se Encontram
A história da íbis do Pão de Açúcar nos ensina que as melhores lendas são aquelas enraizadas na natureza. Seja a ave real voando sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas ou a silhueta misteriosa projetada na rocha milenar, a íbis nos lembra que o Rio de Janeiro é muito mais que praias e montanhas — é um lugar onde ciência, cultura e imaginação dançam juntas.
Quando você subir no Bondinho Pão de Açúcar, olhe para o céu. Talvez você veja uma curicaca planar serenamente sobre a baía. Ou, se tiver sorte e o sol estiver no ângulo certo, verá a guardiã de pedra — a eterna íbis esculpida pela natureza ou pelos deuses, dependendo de em qual lenda você escolhe acreditar.
E essa é a magia do Rio: aqui, você não precisa escolher. Natureza e mito, ciência e poesia, realidade e lenda — tudo coexiste harmoniosamente, assim como a íbis e o Pão de Açúcar, unidos para sempre na história e no coração da Cidade Maravilhosa.
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