Você sabia que as abelhas nativas são responsáveis por polinizar grande parte da vegetação que compõe a Mata Atlântica? E que, diferentemente das abelhas exóticas mais conhecidas, elas não possuem ferrão? No Rio de Janeiro, um dos pontos turísticos mais icônicos do Brasil decidiu abraçar essa causa de forma inovadora. O Parque Bondinho Pão de Açúcar® criou o Jardim do Mel, um meliponário que vai além da preservação ambiental — é também um espaço educativo, acessível e inspirador para milhares de visitantes.
Neste artigo, vamos explorar como esse projeto contribui diretamente para a regeneração do bioma local, promove o conhecimento sobre as abelhas sem ferrão e se consolida como um exemplo de ação sustentável urbana com impacto social e ambiental positivo.
O valor das abelhas nativas para o meio ambiente
As abelhas são fundamentais para a manutenção dos ecossistemas, principalmente devido ao serviço ambiental que prestam por meio da polinização. Ao pousarem de flor em flor em busca de alimento, elas transportam pólen de uma planta para outra, promovendo sua reprodução e fortalecendo a biodiversidade.
No caso das abelhas nativas sem ferrão, esse trabalho é ainda mais eficiente: seus corpos cobertos por pelos e sua habilidade de emitir vibrações ao pousar nas flores aumentam a liberação de pólen, resultando em frutos e sementes de melhor qualidade.
Infelizmente, essas espécies vêm sofrendo com a perda de habitat provocada principalmente pelo desmatamento e pela urbanização desordenada. Sem árvores para construir seus ninhos e sem flores para se alimentar, muitas colônias entram em colapso. Diante desse cenário alarmante, iniciativas como o Jardim do Mel se tornam vitais para a conservação da fauna e da flora brasileiras.
O nascimento do Jardim do Mel no Parque Bondinho Pão de Açúcar®
O projeto teve início com uma motivação clara: fortalecer a biodiversidade da região por meio da reintrodução de abelhas nativas. A primeira etapa envolveu a parceria com a AME RIO (Associação de Meliponicultores do Rio de Janeiro), que ajudou na capacitação dos colaboradores do Parque e na instalação de iscas para identificar espécies já presentes na área. No entanto, não foram encontradas abelhas nativas naquele fragmento de Mata Atlântica, o que reforçou ainda mais a necessidade do projeto.
Com base nesse diagnóstico, o Parque Bondinho Pão de Açúcar® estruturou um plano de ação com três frentes:
- Instalação de caixas de colmeias para abrigar as espécies;
- Disponibilização de fonte de água nas proximidades das caixas;
- Plantio de flores nativas no entorno, criando um ambiente propício para a polinização.
Essas ações garantem condições favoráveis para o desenvolvimento saudável das colônias e, ao mesmo tempo, enriquecem o ecossistema local.
Um meliponário de abelhas nativas com nome e propósito acessíveis
Para aproximar o público do tema e tornar a iniciativa mais acolhedora, o projeto foi batizado de Jardim do Mel. O uso de uma nomenclatura simples e lúdica facilita a compreensão e estimula o interesse de visitantes de todas as idades — uma escolha estratégica para ampliar o impacto da ação.
Além de abrigar as colmeias, o espaço também foi pensado como ferramenta de educação ambiental. A sinalização presente no local é clara, objetiva e acessível, destacando a importância das abelhas nativas e desmistificando medos, como o de picadas — já que as espécies ali presentes não possuem ferrão.
Tour Ecológico: uma experiência transformadora
Para quem deseja aprofundar o conhecimento, o Jardim do Mel oferece a possibilidade de participar do Tour Ecológico, uma visita guiada por monitores capacitados do Parque. Durante a experiência, os visitantes têm acesso a informações mais detalhadas sobre as abelhas, a importância da polinização e outros aspectos de sustentabilidade trabalhados no Parque.
Esse tipo de abordagem contribui não só para a conscientização ambiental, mas também para o fortalecimento de um turismo educativo e responsável, alinhado aos princípios do desenvolvimento sustentável.
Biodiversidade recuperada: cinco espécies de abelhas nativas reintroduzidas
Desde sua implantação, o Jardim do Mel já abriga cinco espécies de abelhas nativas sem ferrão, todas provenientes de criadores certificados pela AME RIO:
- Mirim Droryana (Plebeia droryana) – pequena, com apenas 3 mm de comprimento e voo de até 300 metros;
- Jataí (Tetragonisca angustula) – uma das mais conhecidas, alcança até 600 metros e está presente em três colmeias do Parque;
- Manduri Carioca (Melipona marginata) – com 6 mm de comprimento e voo de até 1.000 metros;
- Mandaçaia (Melipona quadrifasciata) – atinge 10 mm e voa até 2.000 metros;
- Uruçu Amarela (Melipona mondury) – a maior do grupo, com 12 mm e voo de até 2.500 metros.
Educação ambiental para milhares de pessoas
Além dos turistas que conhecem o Jardim do Mel em sua visita ao Parque, o projeto se destaca por seu caráter educacional ampliado. Por meio do programa Educa Bondinho, cerca de 30 mil alunos e professores da rede pública já participaram de atividades no espaço, promovidas pelo Instituto Moleque Mateiro.
Essas ações transformam o meliponário em uma verdadeira sala de aula ao ar livre, onde crianças e adolescentes aprendem, de forma lúdica e interativa, sobre preservação ambiental, biodiversidade e o papel fundamental das abelhas nativas.
Resultados visíveis e expansão natural
Os primeiros frutos do Jardim do Mel já são percebidos em todo o Parque. A presença da Jataí foi confirmada em novas áreas — inclusive fora das colmeias planejadas —, o que indica uma adaptação bem-sucedida das espécies ao ambiente e uma expansão espontânea da população de abelhas.
Isso demonstra que, além de criar um ambiente propício, o projeto efetivamente contribui para a restauração ecológica e o equilíbrio ambiental da região.
Iniciativas complementares: do mel à memória
Para engajar ainda mais o público, o Parque realizou ações como a Semana do Meio Ambiente, que contou com degustação de mel de abelhas nativas fornecido por parceiros especializados, já que o Parque não realiza extração das colônias mantidas no Jardim.
Além disso, foi instalado um Jogo da Memória interativo, com fotografias e curiosidades sobre as abelhas, aproximando ainda mais as crianças do tema.
Referência para políticas públicas
O impacto do Jardim do Mel ultrapassou os limites do Parque. Em 2023, a Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Subsecretaria Municipal de Biodiversidade (SUBBIO), visitou o meliponário e demonstrou interesse em expandir projetos semelhantes para outras áreas da cidade. A proposta é que o modelo do Jardim do Mel sirva de base para iniciativas de restauração ecológica com participação comunitária e geração de renda através da meliponicultura.
Alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
O Jardim do Mel se destaca também por sua contribuição direta aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU:
- ODS 4 – Educação de Qualidade: ao promover atividades educativas para escolas e visitantes;
- ODS 15 – Vida Terrestre: ao atuar na preservação da biodiversidade e regeneração do bioma;
- ODS 17 – Parcerias e Meios de Implementação: por meio da colaboração com associações, educadores e entes públicos.
Conclusão: um pequeno jardim com um grande impacto
O Jardim do Mel é muito mais do que um espaço bonito ou curioso dentro do Parque Bondinho Pão de Açúcar®. Ele representa uma transformação silenciosa, mas poderosa: um movimento de reconexão entre natureza e cidade, entre ciência e afeto, entre turismo e educação.
Ao proteger abelhas nativas, o projeto protege a floresta, a vida e o futuro das próximas gerações. E prova que, mesmo em meio ao concreto das grandes metrópoles, é possível semear biodiversidade, consciência e esperança.
Quer conhecer o Jardim do Mel de perto? Planeje sua visita e descubra como o Parque Bondinho Pão de Açúcar® inspira sustentabilidade na prática.